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Sem stress, aves produzem melhor

12-03-2008 |

Além da qualidade e da segurança alimentar, o consumidor externo demonstra preocupação crescente com a maneira como o animal que origina alimentos foi criado. Há o entendimento de que o stress na criação ou na hora do abate afeta a qualidade da carne ou de produtos como leite e ovos.

A União Européia, por exemplo, já editou instrução normativa que impede, a partir de 2012, a importação de animais criados em sistemas que não permitam seu total conforto. No Brasil, já há sistemas de criação que levam em conta o bem-estar animal.

As poedeiras da Vila Yamaguishi, em Jaguariúna, região de Campinas (SP), por exemplo, não têm do que reclamar. Ao contrário das galinhas de criações convencionais, ali as aves não ficam presas em gaiolas. Para produzir entre 700 e 800 dúzias de ovos por dia, vivem soltas em aviários espaçosos e com poleiros. As aves ciscam, comem folhas verdes e escolhem onde botar. E desfrutam da companhia do galo, algo impensável em criações industriais. Por causa desse manejo diferenciado, os ovos produzidos ali são disputados, mesmo sendo até 50% mais caros. ‘Vendemos tudo e às vezes falta ovo’, diz o veterinário Romeu Mattos Leite.

PRODUÇÃO ORGÂNICA

A Vila Yamaguishi, um projeto de produção comunitária de alimentos saudáveis iniciado em Jaguariúna, trabalha há 20 anos com produção orgânica e oferece à sua clientela uma lista com mais de 30 produtos.

São 12 mil poedeiras que, apesar de contidas em aviários, vivem como no terreiro. ‘Criamos um ambiente para a galinha andar, ciscar e ter ritual reprodutivo. Sem isso a galinha fica estressada e há desvios como o canibalismo.’ Leite diz que a agressividade expressada no canibalismo (uma ave bica outra até feri-la e essa galinha é atacada pelas demais) indica nível elevado de stress decorrente do ambiente ou desequilíbrios nutricionais.

As galinhas da Yamaguishi ficam em aviários com lotação de 2,5 aves por metro quadrado – no sistema industrial são 10 ou 12 aves no mesmo espaço. Cada viveiro tem de 70 a 80 galinhas de linhagens vermelhas. O ambiente, com piso de cimento e cama de palha de arroz, tem comedouros de madeira e grandes ninhos comunitários. Os bebedouros são postos longe da comida, para as aves caminharem. Um teto solar faz com que o sol realize uma ‘varredura’ no espaço, funcionando como desinfetante natural.

O milho é moído na forma de quirera grossa e as aves têm uma complementação de verduras. À tarde, os aviários são abertos para as aves ciscarem do lado de fora. Entre um aviário e outro, foram plantadas árvores frutíferas e as galinhas aproveitam as frutas que caem. Também pastam o capim e ervas que vicejam no ambiente. Após o ‘passeio’, dá-se a ração, já nos viveiros.

Na Yamaguishi, há 1 galo para 17 galinhas. ‘Os galos dão segurança e deixam as galinhas felizes.’ Mas o principal fator é a qualidade dos ovos. ‘O ovo galado (fértil) é uma célula viva, com toda a vitalidade.’ Quando a galinha entra no choco, é tirada do ninho e posta numa gaiola com a porta aberta.

CICLOS NATURAIS

O sistema de criação respeita os ciclos naturais da ave. Enquanto na criação industrial a galinha começa a postura com 16 semanas, ali ela bota a partir de 24 semanas. O ciclo vai até 84 semanas – no convencional se encerra às 70 semanas.

A ração é fabricada na granja, com milho e soja orgânicos, além de verduras orgânicas.As aves não recebem antibióticos, nem produtos químicos, apenas vacinas obrigatórias. Ao contrário do que ocorre nos aviários industriais, as aves não têm os bicos cortados para evitar o canibalismo. Os ovos têm gema bem amarela. Na escala internacional de cores, a gema do ovo da Yamaguishi atinge intensidade entre 9 e 10, enquanto o convencional fica entre 6 e 7. A clara e a gema são consistentes. O veterinário faz uma demonstração espetando um palito na gema. O palito se mantém em pé e o conteúdo não vaza. Com um ovo comum, a gema se espalha no prato.

O tratamento aos pintinhos de 1 dia também é diferenciado. Em vez da cam

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