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Sistema Orgânico de Produção de Leite

21-10-2004 |

A fazenda Malunga, propriedade de Joe Carlo Viana Valle, existe há aproximadamente 22 anos.

No começo, trabalhávamos com hortaliças e a produção era convencional. Na primeira safra tudo foi muito bem. Produzimos muito, mas na hora de comercializar não conseguimos vender quase nada. Na segunda safra, os preços estavam bons, mas não conseguimos produzir e ainda tivemos uma ligeira intoxicação por agrotóxicos, pois nós mesmos pulverizávamos a plantação.

Buscamos informações e pessoal qualificado. Iniciamos a nova fase da produção na fazenda Malunga, em 1986. O sistema de produção orgânica é aquele que exclui amplamente os agroquímicos, valorizando o homem e o meio ambiente. Hoje, esse tipo de sistema movimenta 25 bilhões de dólares no mundo e no Brasil já são mais de 300 milhões por ano, sendo que mais ou menos 0,3% disso é a Malunga que movimenta – é só fazer as contas.

Mas e o gado, onde é que entra nisso? O sistema orgânico “ideal” prevê a integração vegetal – animal na unidade de produção e foi nessa que embarcamos. Como já tínhamos uma tendência familiar para a agropecuária, logo colocamos umas vaquinhas para produzir esterco. Isso mesmo. O nosso gado era inicialmente para produzir esterco.

Felizmente as vacas também produziam leite (ou era infelizmente?). Como não tínhamos muito conhecimento sobre o tipo e raça a utilizar, pensamos: vamos aumentar a produção de leite, logo vamos utilizar uma raça especializada. E fomos aumentando o grau de sangue europeu das nossas pé-duras. Muito, muito leite era uma beleza! Fabricávamos iogurte, queijo frescal e leite integral pasteurizado. Entretanto, um belo dia o nosso leite começou a apresentar acidez, o iogurte não virava e começamos a perder clientes. Fazíamos o “pré-dippping”, o “pós-dipping” e todas as limpezas alcalinas, ácidas e sanitizantes. A mastite tomou conta do nosso rebanho. Começamos a ter sérios problemas com carrapatos e não sabíamos mais o que fazer, pois não podíamos utilizar carrapaticida convencional. Chegamos a ter 75% do nosso rebanho com mastite sub-clínica.

Nesse ponto resolvemos vender todo o rebanho e comecei a vender aquelas minhas vacas maravilhosas, quase da família, foi um choro só. Mas um belo dia chegou um senhor na fazenda e me perguntou se eu não queria trocar umas novilhas que ainda me restavam em algumas vacas Gir. Eu demorei um pouco, mas fui ver as tais vacas Gir, uma era filha de Oásis Hábil, outra de um tal de Radar das Poções e outra do Oriente Morcego. Achei aquilo tudo engraçado, mas gostei dos animais e troquei. Pronto, não tinha mais nenhuma vaca preta na minha casa e as vaquinhas (vaquinhas não vaconas) estavam lá para a alegria de todos, menos da minha esposa que não queria mais saber de vaca de leite de jeito nenhum. Mas achávamos que o Gir não dava leite e ela achou bom. O Gir entrou no sistema.

O carrapato diminuiu muito. A homeopatia funciona que é uma beleza. As vacas sentiam-se bem, mesmo naquele calor e secura de setembro (em Brasília chegamos a ter apenas 13%de umidade do ar). Elas resolveram parir e começaram a dar leite e não é que para o desespero da minha esposa o Gir dá leite, mais de 10 litros cada uma e eu animei sô.

Desde então, nosso rebanho aumentou para 50 matrizes registradas com controle leiteiro oficial. Continuamos trabalhando com sistema de produção orgânico, mas de forma tranqüila graças à raça que atualmente criamos. Isso não quer dizer que criando Gir todos os problemas acabam, mas é um gado adaptado às nossas condições climáticas e fica mais fácil fazer a pecuária orgânica.

Todo tipo de criação, seja a raça que for, deve sempre ser conduzida de maneira profissional. Os sistemas de produção devem privilegiar a dimensão econômica sem deixar de lado a dimensão social e nem a ecológica e a busca da qualidade de vida de todos aqueles envolvidos no processo deve sempre ser privilegiado.

O sistema de produção em uso na Malunga é baseado em rotação de piquetes e leva em consideração o sistema de produção adotado pelo Dr. Juscelino Kubtchek, criador de Goiânia. Utiliza dois seto

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