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Pesquisa testa eficácia da Homeopatia

22-06-2011 |

Vacas mestiças foram submetidas a tratamento com medicamentos homeopáticos, durante a lactação. Resultados positivos endossam conceitos de especialistas

Produzir leite isento de resíduos químicos ou antibióticos foi o desafio assumido pelos pesquisadores Ricardo Signoretti, do Polo Apta da Alta Mogiana, de Colina-SP, e Cecília José Veríssimo, do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa-SP, ao desenvolverem um experimento sobre o desempenho e sanidade de vacas leiteiras tratadas com homeopatia.

A base do estudo envolveu oito vacas de um rebanho total de 40, que receberam diariamente produtos homeopáticos no concentrado durante nove meses, ou seja, uma lactação completa. “Em todo esse período não houve necessidade de se medicar com produtos alopáticos. Isso demonstrou a eficácia do tratamento no combate a parasitas e mastite”, afirma ele.

O rebanho mestiço da Estação Experimental de Colina-SP reúne fêmeas ¾ Holandês e ¼ Gir. Os animais foram selecionados para avaliação da eficácia do tratamento, de acordo com o nível de produção ao início da lactação, e acompanhadas quanto às infestações de carrapato, mosca-dos-chifres, vermes, mastite e variação de peso, produção e qualidade do leite. A produção do leite foi registrada semanalmente, e a composição e a qualidade (CCS e CBT) foram conferidas mensalmente no tanque de expansão.

“No início do estudo, em fevereiro de 2008, as vacas foram pesadas e avaliadas para efeito de comparação”, explica Signoretti. O grupo ficou em sistema de pastejo rotacionado de capim-tanzânia, nas águas, complementando por concentrado. Na seca, continuou a receber o pasto, concentrado e mais silagem de cana-de-açúcar à vontade. No concentrado, quatro tipos de medicamentos homeopáticos, na proporção de 5 g/animal/dia, para incremento de ganho de peso, combate ao estresse, controle de mastite e de parasitas.

Verificou-se que a infestação de carrapatos, tanto por adultos (fêmeas) quanto por ínstares (larvas e ninfas), diminuiu ao longo do tempo de avaliação, não sendo preciso utilizar carrapaticida em nenhuma das 40 vacas do rebanho em todo o período experimental. Quanto à avaliação das moscas-dos-chifres, nos meses de maio e junho todos os animais observados estavam com mais de 20 moscas, e durante a primavera a infestação também cresceu.

“O aumento da infestação em maio e junho pode ter sido reflexo do acúmulo de chuvas nos meses anteriores, enquanto na primavera foi devido ao início das chuvas neste período. Entretanto, vale ressaltar que não houve necessidade da utilização dos produtos químicos específicos para o controle desse tipo de mosca no rebanho durante o período de observação”, relata Signoretti

CONTROLE DE CARRAPATOS É POSITIVO

Resultados de pesquisa mostraram efeito positivo dos medicamentos homeopáticos no controle do carrapato. Além disso, a curva epidemiológica esperada se mostrou ascendente a partir da segunda quinzena de fevereiro, com o pico no outono, queda na infestação no inverno e aumento a partir das primeiras chuvas da primavera, o que não se observou neste trabalho.

O pesquisador observa ainda que por não se ter utilizado produto químico no rebanho não houve interferência na provável população de inimigos naturais dos parasitas, permitindo que diversos tipos de insetos, como aranhas, formigas, besouros, tesourinhas, além de sapos e aves, pudessem exercer predatismo sobre os parasitas, no solo ou nos animais, contribuindo para o seu controle.

Signoretti explica que a produção de leite mostrou estabilidade, com pequena redução observada no mês de maio. “As vacas entraram no experimento recém-paridas. A pequena queda observada na produção leiteira foi devida, provavelmente, à diminuição da qualidade do capim”, explica ele. A produção de proteína se manteve estável ao longo da lactação. Já a porcentagem de gordura variou mais no período, mas sempre com valores elevados, média de 4%.

As contagens de células somáticas e bacteriana, medidas em amostras de tanques, tiveram curvas descendentes. ACCS iniciou com 546 mil células/ml, chegando a um mínimo de 189 mil na quinta avaliação, e estabilizando-se em cerca de 300 mil ao final da lactação. A CBT iniciou com 526 mil UFC ( unidades formadas de colônia )/ ml e terminou com 107 mil. As vacas ganharam peso e condição corporal no decorrer da lactação, como se espera em um rebanho leiteiro bem manejado.

Segundo Signoretti, os resultados obtidos demonstram que, com bom manejo nutricional e uso diário de produtos homeopáticos, é possível produzir leite de qualidade em um sistema de produção leiteira com gado mestiço europeu x zebu, sem uso de produtos químicos para controle de parasitas ou mastite. Cita ainda que experimento semelhante deve ser realizado comparando-se animais que recebem produtos homeopáticos com um grupo controle, não submetido ao mesmo tipo de tratamento.

RESULTADOS NA PRÁTICA

Com uma produção média de 850 litros de leite/dia, na Fazenda Nossa Senhora da Aparecida, em Canápolis-MG, o engenheiro agrônomo Anagê Nunes Vaz vem utilizando o tratamento homeopático no rebanho há cerca de dois anos. O rebanho é formado por 200 animais puxados para a raça Holandesa (3/4 e 5/8), dos quais 70 estão em lactação, que produzem na média de 14 litros/vaca/dia.

“Estava com problemas de mastite, que acarretavam prejuízos com medicamentos e também por punição imposta pelo laticínio. Cheguei a ter 60% das vacas com a doença, o que significou contagem de células somáticas em torno 800 mil/ml e uma perda de R$ 600 por mês”, conta. Então, depois de muito relutar, decidiu adotar o tratamento homeopático em conjunto com ações voltadas para melhoria do manejo de ordenha. Com isso, hoje, trabalha com CCS média de 240-300 mil/ml, mas com meta de 180 mil ainda neste ano.
Ivan Salies Jr, zootecnista, produtor de leite e, hoje, consultor em um projeto de produção orgânica e ecoturismo da Fazenda Montanhas do Japi, em Jundiaí-SP, utiliza a homeopatia em rebanho leiteiro há vários anos. “Iniciei com a homeopatia em meu próprio rebanho com 45 animais Jersey PO, com 35 em lactação, para resolver o problema da alta incidência de carrapatos, bernes e problemas de casco, e tive bons resultados”, diz ele.

Conta que tratava seu rebanho Jersey convencionalmente, mas perante os problemas que não conseguia superar acabou se convencendo de usar a homeopatia gradativamente. “Antes de administrar a medicação, o pessoal passou por treinamento, e foram necessários alguns ajustes no manejo que não estava adequado. Também providenciei novas instalações para os bezerros, já que eram diversos os casos de problemas respiratórios”, relata. “Com o novo tratamento, a melhoria pôde ser constatada em pouco tempo: o número de carrapatos diminuiu, assim como os bernes”, diz ele.

Responsável pela produção de leite de um rebanho de 40 vacas cruzadas (com sangue Holandês, Jersey e Girolando), o médico veterinário Roberto Delort tem a incumbência de fornecer leite de alta qualidade para crianças e adolescentes assistidos pela Fundação Antonio e Antoniete Cintra Gordinho, também de Jundiaí-SP. São 100 litros de leite/dia consumidos nos lanches, e uma parte vai para a fabricação de queijos, manteiga e doce de leite.

“Optei pela homeopatia para dispor de um leite sem riscos de resíduos químicos e de antibióticos. Para isso, ajustamos o manejo e tomamos providências visando quebrar o ciclo dos parasitas (rotação de cultura nas áreas de pastejo, entre outras). Há cerca de dez anos temos mantido o rebanho sob controle do ataque de carrapatos, moscas e bernes. Com isso, não tivemos mais casos de babesia nos bezerros que, anteriormente, eram frequentes, assim como conseguimos a diminuição da incidência de diarréias e de problemas respiratórios.

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