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Fitoterápicos chegam às criações

12-11-2008 |

A crescente demanda por alimentos mais seguros sob os pontos de vista toxicológico e sanitário motiva instituições brasileiras de pesquisa agropecuária a investir no estudo de plantas como auxiliares no controle de doenças animais e de pragas na agricultura. As linhas de pesquisa são poucas, mas já há estudos de produtos com eficiência comprovada. “A população está mais alerta e preocupada em consumir alimentos seguros. Além disso, tanto a agricultura quanto a pecuária são carentes de opções naturais e precisam de produtos para controle de pragas e parasitas”, diz a pesquisadora Ana Carolina de Souza Chagas, da Embrapa Pecuária Sudeste.

Ela coordena a Rede Fitoterapia – Projeto Uso de Extratos Vegetais Ativos no Controle Parasitário de Ruminantes, que conta com a participação de outras unidades da Embrapa e de universidades. “Estamos trabalhando numa linha mais avançada, que busca formulações que tenham princípio ativo de origem vegetal para produzir medicamentos naturais. Nossa vontade é chegar a um produto fitoterápico comercial para animais.”

EFICÁCIA

Conforme a pesquisadora, o projeto estuda até agora 12 espécies de plantas, como capim-limão, eucalipto, nim, fruta-do-conde, melão-de-são-caetano, hortelã e alecrim. “O projeto verificará a eficácia de cada uma e selecionará as mais ativas, além de tentar desenvolver uma formulação com o extrato da planta”, explica. “Por enquanto, bovinos, ovinos e caprinos são o foco do projeto.” Na Embrapa Pecuária Sudeste estão sendo testados um vermífugo para ovinos e caprinos e um produto para controle de carrapatos em bovinos.

O carrapato bovino, diz, é responsável por prejuízos anuais de US$ 2 bilhões no País. “O produto para controle já foi testado e teve bom resultado. Agora estamos em negociação com um laboratório.” Já a pesquisa para ovinos e caprinos está sendo desenvolvida em parceria com a Unicamp, com o teste de cinco formulações diferentes.

O setor pecuário, sobretudo o que produz carne e ovos orgânicos, comemora. “Faltava pesquisa para comprovar o que já aplicamos”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos (Aspranor), Henrique Balbino. Segundo ele, por falta de pesquisa, muitos produtores buscam informações até com índios e curandeiros. “Quando eu trabalhava em uma fazenda em Mato Grosso foi com os índios que descobrimos aplicação medicinal de várias plantas”, diz.

Além de eliminarem resíduos na carne, explica, os medicamentos naturais mudam a rotina na fazenda. Em um rebanho convencional, diz, a vermifugação é feita três vezes por ano. É preciso tirar o animal do pasto, levar para o tronco de contenção, o que gera muito estresse. “No rebanho orgânico, isso não ocorre: usamos homeopatia ou torta de nim, no sal mineral.”

Na granja Tsuru, em Bastos (SP), a produção de ovos não é orgânica, mas há quatro anos o controle de uma das piores pragas da criação, o piolho, é feito com homeopatia. “Os piolhos criaram resistência ao produto químico, fora o risco de resíduos nos ovos”, explica o gerente da granja, Mitsuo Sahara. “Como começamos a exportar, tivemos de retirar os químicos.” A homeopatia resolveu o problema. “Baixa a incidência da praga e não deixa resíduos”, diz. A aplicação é mais simples: “É só misturar na ração.” O custo da homeopatia é um pouco maior, porque o uso é contínuo. “Mas compensa”, garante.

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